Trabalhar de acordo com regras que preservam a integridade física
do mecânico é primordial para o sucesso negócio da reparação e todos são
beneficiados.
Carolina Vilanova
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Existem muitos fatores que podem colocar em risco a saúde e a
segurança do trabalhador dentro de uma oficina mecânica, desde produtos
perigosos até poluição sonora e a disposição irregular de equipamentos e
peças. Assim como outros assuntos que antes eram deixados de lado, a
preocupação com a integridade dos profissionais da reparação nos dias
atuais mudou muito, sendo que,hoje este aspecto já é parte obrigatória
da rotina das oficinas.
Em primeiro lugar devemos lembrar que o Ministério do Trabalho e a
legislação em vigor exigem que os empresários forneçam material de
proteção e treinamento para os seus funcionários, que têm a obrigação de
usá-los. O problema é que muitas vezes os equipamentos não são
disponibilizados, e em muitas outras vezes o próprio funcionário se
recusa a utilizá-los.
O cuidado começa ao receber o veículo na oficina e depois existe uma
seqüência de processos: avaliação, preparação, conserto, limpeza e
entrega do veículo. "Em todas as fases a segurança e os cuidados com a
saúde devem ser colocados em prática", alerta José Palacio, do IQA
(Instituto da Qualidade Automotiva).
Ele explica que a lei recomenda itens básicos, como nível de
iluminação adequado, equipamentos coletivos de proteção (EPC) e os
individuais (EPI).Além disso, é importante um lay out interno da área do
trabalho com as devidas sinalizações e um fluxograma que determina a
entrada do carro até a saída.
Uma seqüência lógica no lay out da oficina, por exemplo, reduz o
tempo de trabalho e minimiza riscos de acidentes, afinal o trabalhador
não precisa ficar andando de um lado para o outro desnecessariamente.
"Acidentes custam caro, então essas ações acabam repercutindo em
benefício financeiro para o empregador e em bem estar para os
funcionários", analisa.
O ambiente de trabalho em geral deve ser estruturado para também
resguardar a integridade do funcionário. Um bom sistema de exaustão para
expelir os gases corretamente, iluminação adequada, áreas específicas
para certas tarefas, como bancadas e cavaletes para desmontar peças.
"Muitas oficinas não dispõem de uma bancada própria para a desmontagem
de motores, fazendo-o no chão, mas isso além de ser tecnicamente errado,
põe em risco a saúde dos funcionários, que acabam com o tempo tendo
problemas graves de coluna".
"Além disso, a manutenção preventiva das instalações deve ser feita
regularmente: como a substituição de lâmpadas queimadas, verificação do
estado da fiação elétrica e das tomadas, manter o local de trabalho
limpo, o piso deve estar sempre alinhado, pias e ralos desentupidos,
eliminando vazamentos se existirem, providenciar a instalação de
ventiladores onde for necessário e manter portas e acessos livres",
comenta Palácio, que comenta também que esses quesitos são partes do
processo de certificação durante a auditoria.
O IQA recomenda conferir também se os hidrantes encontram-se
desimpedidos e se as mangueiras de água estão guardadas em locais
apropriados, o que é uma exigência do Corpo de Bombeiros. É importante
ter um vestiário com armários para guardar as roupas entre outros itens
de conforto e higiene para o funcionários, como um chuveiro.
"O empresário ganha com estas iniciativas, pois o cliente tem uma boa
impressão do local e os funcionários sentem-se mais motivados", afirma.
Em situações de emergência e em casos de acidentes, a oficina deve
ter uma caixa de primeiros socorros com anti-séptico (merthiolate),
esparadrapo, algodão, curativo pronto (band aid), etc - lembrando que
qualquer medicação é proibida. É importante ter também um convênio com
hospitais e os telefones do corpo de bombeiros, ambulância, polícia,
resgate e o endereço da oficina sempre em um local de fácil
visualização.
Se a empresa for de grande porte, dependendo do número de
funcionários é obrigatório manter um enfermeiro ou um médico com
enfermaria para atendimento dos funcionários em caso de alguma
emergência. Isso tudo, está contemplado em leis e portarias específicas
que regulamentam cada situação.
EPI x lei
Para evitar problemas com o ministério do trabalho é obrigatório que o
empresário disponibilize para seus trabalhadores, além dos EPCs e das
devidas manutenções do ambiente de trabalho, os equipamentos de proteção
individual, também conhecido por EPIs. Óculos, luvas, creme protetor
para as mãos, protetor auricular, sapatos específicos e outros objetos
que são extremamente importantes na hora de revisar ou reparar um
veículo.
"Prover os equipamentos, assim como o devido treinamento para uso, é
de responsabilidade do empregador, mas é obrigação do funcionário
utilizá-los de forma correta, o que nem sempre acontece. Muitos
funcionários se recusam a utilizar os EPIs, por não entender que essa
prática vai resguardar sua integridade física e sua segurança no
dia-a-dia do trabalho. É uma questão de conscientização", afirma
Palácio.
O funcionário que descuida do uso dos equipamentos de proteção,
apesar de tê-los recebido, pode receber uma advertência do empregador.
"O funcionário recebe o EPI e assina um documento que comprova o
recebimento dos mesmos e também o treinamento para uso do mesmo".
Palacio explica que prezar pela saúde do trabalhador também evita
acidentes e hoje muitas oficinas iniciam o dia com um exercício físico, o
que além de ajudar na sua saúde ainda o deixa mais disposto, e mais
motivado para o trabalho. .
"Quando o funcionário está com mais disposição, ele ganha qualidade
de vida e melhora sua produtividade. Tudo isso diminui o risco de
acidentes e proporciona mais descontração na área de trabalho, criando
assim um ambiente agradável".
É
importante lembrar que acima de 50 funcionários a empresa é obrigada a
constituir a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), que tem a
função de observar e relatar condições de risco nos ambientes de
trabalho, solicitar medidas para reduzir e até eliminar os riscos
existentes, discutir os acidentes ocorridos, encaminhando aos Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho e ao
empregador o resultado da discussão, solicitando medidas que previnam
acidentes semelhantes e ainda orientar os demais trabalhadores quanto à
prevenção de acidentes, para que todos trabalhem sem riscos. A
fiscalização sobre o uso do EPI fica por conta de empresário e é uma
garantia para evitar processos posteriores com funcionários que venham a
apresentar problemas de saúde no futuro.
"A utilização dos EPIs por parte dos funcionários é uma questão de
amadurecimento desta filosofia, como o cinto de segurança, que antes
ninguém usava e hoje já faz parte da rotina do motorista. Tem que ser
trabalhada a maturidade para que tanto o empresário quanto o trabalhador
sintam a necessidade de como é importante usar os equipamentos. Criar o
hábito. Afinal, os benefícios são para eles mesmos", comenta.
Na questão de segurança e saúde o ponto forte da auditoria, no caso
das oficinas certificadas, são as manutenções preventivas de iluminação,
ligações elétricas, equipamentos, ferramentas e limpeza.
Verifique hoje na sua oficina o uso de:
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EPC (coletivo): sistema de exaustão, iluminação adequada, tratamento de água e líquidos.
EPI (Individual): óculos, sapatos, luvas, protetor auricular, cremes de proteção para mãos, etc. |
Riscos
- Ruído sonoro, poluição, má iluminação - Produtos sólidos e particulados - Excesso de calor ou frio - Deficiência respiratória devido a exaustão dos gases no meio de trabalho - Solventes, óleos e combustíveis
http://www.omecanico.com.br/modules/revista.php?recid=244&edid=23 |
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